Oi gente, Vinicius Castro é o diretor musical da peça que eu vou estrear em dezembro, depois eu posto algo sobre a peça, agora leiam a critica que foi feita por Beto Feitosa no site da UOL.
Vinicius Castro valoriza a palavra
Disco de estréia do cantor e compositor é totalmente autoral
por Beto Feitosa
Aos 25 anos o cantor e compositor Vinicius Castro estréia com o CD Jogo de palavras. Produção independente cuidadosamente construída ao longo de três anos, o álbum revela um jovem artista de nobre proposta e musicalidade afiada.
A referência literal está presente já desde o título que batiza o trabalho e até a capa - de referência retrô que destaca uma velha e romântica máquina de escrever. A pena de Vinicius é afiada de verdade, com achados poéticos bem interessantes, contexto em seus versos e brincadeira com palavras sem fim. Enquanto o mundo resume sua mensagem a 140 caracteres, Vinicius rebobina a valorização da literatura em sua música.
Nesse campo ele cria interessante jogo em Dos pés a cabeça quando se vale de brincadeira com o significado das palavras: "Se o braço da poltrona nunca abraça / eu acho que a palavra perde a graça / se a boca do fogão não sente fome / então por que o mesmo nome?", questiona de forma criativa e divertida inserindo no arranjo diversos temas de seriados infantis. Se por esse lado se aproxima da infância, por outro mostra maturidade ao ser poético e falar de metáforas para tocar no assunto aborto em Sangramento, que fecha o disco.
Mas Vinicius é melhor quando brinca com a palavra e surpreende. Hábil manipulador do texto, utiliza a análise gramatical para falar sobre um relacionamento em A sentença, música que abre o disco: "O nosso verbo sempre teve ligação / E eu pedia a Deus pra não quebrar nossa oração / Tudo nosso sempre teve alguma explicação... aposto que o aposto agora é só contradição". Em Cara metade alinha na mesma letra diversos significados da palavra 'cara'.
O poema vem bem acompanhado por uma música natural e variada, sem se prender a um estilo. Vinicius valoriza sua poesia mostrando forte musicalidade passeando entre samba, tango, blues, maracatu, salsa e até rock. O próprio Vinicius assina a produção e arranjos do trabalho, que surpreende por sua maturidade e personalidade. É desses artistas que já aparecem prontos. Ele assina sozinho onze das treze faixas, trazendo ainda duas parcerias com Danilo Mariano: Marcas e Carcaça, oração crônica do dia-a-dia.
Nascido em Recife, mas carioca por opção, Vinicius Castro vem construindo sua carreira discretamente ao longo de sete anos com participações e pequenos shows. Tem músicas escritas para trilha sonora de espetáculos universitários e produção em shows de amigos. Chega a boa hora de reunir a obra em início e se apresentar.
Jogo de palavras mostra o artista em nascimento saudável e já com personalidade bem definida. Vinicius Castro junta letra e música com resultado delicioso em treze novas canções bem desenhadas. Sua máquina faz boa música.
http://www2.uol.com.br/ziriguidum/1011/101122-01.htm